O nosso continente
África está em alta com o festejo do 55º aniversário da organização continental, um marco que confirma o seu ascendente desde o longínquo dia 25 de Maio de 1963, quando 30 dos 32 Estados existentes assinaram o protocolo da sua criação em Addis Abeba, na Etiópia.
O cerne da criação foi sem margem para dúvidas a conjugação de esforços para a libertação total do continente, seguido do cortejo de independências até 2011, com última a do Sudão do Sul, o que veio conferir ao continente outro estatuto, para além de marginalizado, colonizado, onde amarras de todo o tipo impediam a autodeterminação.
Hoje o continente continua enfermo de picardias, com leituras mal conseguidas do conceito democracia, em alguns casos, que não abonam a favor da multiplicidade de escolhas para cargos de eleição; principalmente quando a constituição, a carta magna, é relegada a plano secundário, por interesses de grupo que subalternizam o conceito de nação. Empecilhos desta ordem alimentam a má governação e todo uma corte de insucessos, nutrientes seguros das imigrações em massa de norte a sul, à busca de algo melhor.
Alguns intrigantes teimosamente fazem parte do satus quo, numa lista em que o terrorismo encontra terreno fértil, corporizado nos grupos Boko Haram e El shabab, tentáculos da al-Qaeda em África, que sustentados pelo fundamentalismo islâmico, mancham os esforços para a pacificação do continente, sendo por isso importante uma agenda para uma frente ampla contra este tipo de contrapoder.
A região dos grandes lagos contínua um ponto de discórdia, com o República Democrática do Congo no centro das atenções, com envolvimentos exógenos que sustentam conflitos internos, com a consequentes vagas de refugiados que aportam a outros países na busca da acalmia.
O continente é igualmente palco de exemplos de sucesso de substituição de elites, feito louváveis em espaços de maior abertura política, o que concorre par a estabilidade, sendo, em função disso, terrenos férteis e sempre à disposição para investimentos, a peça importante a criação de empregos, baluarte seguro para a estabilidade social.
O continente tem um potencial vasto, com recursos de toda a ordem e uma população que não o afoga; antes pelo contrário, dá conforto ecológico, o que a juntar a matriz cultural inigualável, configura um bom sítio para viver, desde que políticas intrínsecas sejam materializadas.
África, a par de berço da humanidade, contínua espaço de oportunidades onde o a zona de comércio livre á apenas um começo. Um novo discurso, com uma roupagem mais integradora assente na multiplicidade de escolhas impõe-se. Longe de um favor ao continente é uma obrigação, tendo em linha de conta futuras gerações, estas igualmente obrigadas a dar o seu melhor para uma África mais a preceito.